sábado, 13 de outubro de 2012

MINHA contradição.



Eu odeio meus dias sentimentais.
Odeio porque fico vivendo, sem ao menos viver.
Fico vivendo aqui, sentado.
Apenas imaginando como seria, ou como deveria ser.
Odeio minha mania de pensar.
Pensar o que fazer, pensar o que falar.
Como se fosse adiantar alguma coisa,
ficar aqui pensando, escrevendo, compondo.
Odeio o fato de saber que não tenho
para quem escrever. Apenas escrevo.
Odeio transpor palavras que certamente ninguém vai gostar.
Para as pessoas, isso é melancólico demais.
Isso é chato de se ler, e sinceramente, eu entendo.
Ninguém vive essa besteira que eu vivo.
E como já é de costume para mim ouvir,
"ninguém tem nada a ver com isso".
Pensando bem, acho que odeio o simples fato
de não saber se odeio isso tudo mesmo, ou se é
algum mecanismo de me esconder dessa coisa estranha.
Falando nisso, sentimentos são estranhos né?
Já me falaram que eu só minto.
Que tudo que falo e escrevo, é mentira, e que é tudo fachada.
Que seja fachada então, não me importo.
Como já falei antes: "Vou provar tudo isso depois".
Mas ahhhh... quer saber mesmo?
Eu adoro isso.
Adoro me contradizer.
Adoro essa coisa sufocante que vivo.
Adoro acordar todos os dias, lembrando.
Lembrando que ontem estava aqui sentado, imaginando.
Adoro minha mania de pensar, mania de me sufocar.
Adoro esse jogo de emoções que crio dentro de mim.
Adoro escrever demais, que no fim, até eu mesmo canso de ler.
Adoro a vontade de querer dizer tanta coisa.
Adoro a vontade de querer ver alguém todos os dias.
Mas enfim...
Escrevo, leio, odeio e adoro.
E enquanto eu não encontro alguém,
é tudo estranho para mim, e mesmo que não fosse,
eu me complicaria de algum outro jeito qualquer.

Ricardo Kennerly.